Sting cantou a vida toda num concerto de plateia rendida
Sting fez de um concerto uma viagem por toda a sua vida. Foi no domingo, no Meo Marés Vivas, que o ex-The Police percorreu os êxitos, falou em português e entrou a recordar os tempos de The Police. Foi aos primórdios, com Message In a Bottle, de 1979, abrindo um espetáculo para um recinto que era pequeno para tantos fãs.
As luzes do palco acenderam e iluminaram aquilo que seria o concerto da noite de ontem, debaixo de uma chuva de gritos. Sting entrou num palco ganho, para uma multidão que não cabia no recinto. Carregado de energia, que não fazia parecer que esteve doente, chegou de preto, barba de três dias, e baixo na mão. A mítica voz de NewCastle encaixou a carreira em 19 canções com o álbum My Songs (2019). É o espetáculo de sonho de qualquer fã do britânico que caminhou por "If I Ever Lose My Faith In You" e "Englishman In New York". O público cantava com ele em inglês e ele agradecia em português: "Olá Porto. É bom estar aqui com vocês". O homem que já vendeu mais de 100 milhões de álbuns, na verdade, nem precisava de dizer nada para ter o respeito de uma plateia que ainda cantou com ele: Fields of Gold e Shape Of My Heart.
De harmónica de fundo e com a elegância de quem canta sempre agarrado à guitarra, tocou "Roxane" e pediu aplausos ao público ao som de "Demolition Man". As luzes dos telemóveis permitiam contar os milhares que assistiam em "Every Breath You Take". Uma vénia conjunta com toda a banda numa saída do palco perante um público que ainda aguardava um regresso. E Sting voltou. Para "Next To You". Largou o palco para ir buscar a guitarra acústica e lançou "Fragile" para fechar um concerto de plateia completamente rendida.
O recinto parecia que ia despir-se depois de Sting, mas os HMB seguraram o público ao chegarem enérgicos numa dança sincronizada. O videoclip projetado no fundo de um palco que fazia soar Feeling (2014) e Héber Marques continuou ao gritar: "Diz-me que é paixão", refrão de Paixão (2017). O vocalista ainda saltou para o fosso e, agarrado às grades, cantou junto da primeira fila o single "Peito" para seguir para uma homenagem a Rui Veloso. Ainda houve tempo para o "Dia D" num concerto que já ia com mais de uma hora quando os HMB abandonaram o palco para voltarem para "Não me Leves a Mal". Héber dançou do princípio ao fim e fechou para os milhares de resistentes com o maior êxito da banda: "O Amor é Assim".
Antes do senhor Englishman In New York, Skye Edwards pisou o mesmo palco tão elegante quanto a sua voz. Vestida de preto e chapéu de abas, que largou a meio do concerto, a vocalista de Morcheeba chegou poderosa e abriu com Never Undo, do álbum de 2018. O jazz e rock psicadélico, com a groove de Skye, aqueceu a plateia com Otherwise (2002) e The Sea (1998). Ainda voltou a Blaze Away (2018), disco que a voltou a juntar aos Morcheeba ao fim de cinco anos. E os telemóveis ajudaram a iluminar um recinto esgotado no momento da despedida ao som de Rome Wasn"t Built in a Day (2000).
O portuense Tiago Nacarato foi quem inaugurou um palco que já esperava Sting. A bossa nova e o samba arrancaram um festival a rebentar pelas costuras. O cantor que está prestes a lançar o primeiro disco, desvendou novas músicas, cantou Paulinho Moska e "Onde Anda Você", de Vinicius de Moraes, até chegar "A Dança", êxito de 2018.
(c) Jornal de Noticias by Catarina Silva